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Varejo pode ajudar o Cadastro Positivo a evoluir ainda mais

Sistema de inclusão financeira completa três anos com bons resultados quanto à redução de spread e taxa de juros do crédito. Mas a contribuição maior de micro, pequenos e médios lojistas pode dar um empurrão extra

Em 2020, em meio à pandemia e ao crescimento das compras à distância, a Midway, braço financeiro do Grupo Guararapes, dono da Riachuelo, conseguiu ampliar em 10% a concessão de crédito, oferecendo 120 mil novos cartões de marca própria sem aumentar o risco da operação.

Esse é um dos efeitos do Cadastro Positivo, que acaba de completar três anos de vigência no modelo adesão automática, e hoje contabiliza mais de 140 milhões de cadastros de pessoas físicas e jurídicas (79% da população). Desde que foi criado, ele permitiu o aumento ou manutenção da nota de crédito de 74% das pessoas físicas cadastradas e de 80% das pessoas jurídicas.

O Cadastro Positivo permitiu também que a taxa média de juros no crédito pessoal (exceto para o consignado) reduzisse em 10,4% para novos tomadores ao longo desses três anos, e 15,9% para os que melhoraram o score após a inclusão, totalizando 31% e 40% de queda média na taxa anual.

Esses são alguns dos reflexos do potencial de inclusão financeira e dos benefícios dessa ferramenta, diz a Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), que reúne dados dos bureaus de crédito que atuam como gestores do Cadastro Positivo (Boa Vista, Serasa, Quod, SPC e TransUnion). A associação realizou nesta quarta-feira (03/08) um evento em comemoração aos três anos do Cadastro.

Espécie de "ranking de bons pagadores", o Cadastro Positivo reúne informações financeiras usadas como referência (score) para liberação de empréstimos ou outros tipos de financiamento. Para torná-lo ainda mais poderoso, reduzindo os riscos da oferta de crédito e, consequentemente, diminuindo os juros, é preciso maior envolvimento dos micro, pequenos e médios negócios, em especial os do varejo, que podem se tornar empresas-fonte do Cadastro.

Desde 2011, quando a implantação Cadastro Positivo começou a ganhar corpo, as principais fontes têm sido as instituições financeiras. Mais recentemente, operadoras de telecomunicação levaram ao cadastro mais 12,6 milhões de pessoas físicas e jurídicas "invisíveis" ao sistema de crédito, ou desbancarizadas, que passaram a ser incluídas financeiramente.

Ainda hoje, a distribuição das empresas é desigual: 94% das 10 milhões de contribuintes são de grande porte, com instituições financeiras no topo do ranking, seguidas pelas empresas de telecomunicações e algumas grandes varejistas, como a já citada Riachuelo, segundo a ANBC.

Se no geral as empresas não-financeiras respondem por menos de 15% do fornecimento de dados de pagamento, segundo a Boa Vista, 60% das consultas ao sistema são realizadas por elas, disse João André, coordenador do departamento de regulação do Banco Central.

"O impacto pode ser ainda maior se pensarmos que essas fontes são a 'cereja do bolo' para reduzir a assimetria de informações, e dar acesso a melhores condições de crédito."

Daí a importância da participação do varejo, em especial o de menor porte, reforça Ronaldo Sachetto, diretor de dados da Boa Vista, pois essas contribuições fazem a inteligência analítica melhorar, o varejo se tornar cada vez mais competitivo e ainda amplia a inclusão financeira.

Às vezes, o consumidor não tem conta em banco, só um celular pré-pago, mas paga seus carnês em dia, explica. "Por isso é importante conhecer esse comportamento de compra, para dar mais espaço para os pouco ou não-bancarizados fazerem parte do sistema."

Esse "empoderamento" do tomador de crédito, que diante de condições mais justas pode obter recursos financeiros dentro da sua capacidade de pagamento, impacta positivamente na economia como um todo, com a queda da inadimplência, por exemplo, avalia o presidente da ANBC, Elias Sfeir.

"Além disso, ao estimular a expansão do crédito, o Cadastro Positivo aumenta a competição no mercado e pode reduzir ainda mais a taxa de juros praticada nessas operações."